Bairros nobres das grandes cidades ainda são os campeões da valorização imobiliária, mas intervenções do poder público começam a lançar o foco para regiões até então esquecidas e a resgatar bairros que estavam desvalorizados pela violência e pelos gargalos de mobilidade. O metro quadrado no Ibirapuera, em São Paulo, no Leblon, no Rio de Janeiro, e na Asa Sul, em Brasília, permanece nas alturas. A novidade é a curva ascendente dos preços na Tijuca, na zona norte carioca, em Itaquera, na periferia paulistana, e no Gama e em Samambaia, cidades-satélites da capital do país.
Nenhuma outra cidade brasileira passa pelo processo de transformação como o Rio de Janeiro. A realização da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, megaeventos que atraíram grandes investimentos para a capital fluminense, promoveu um incremento no mercado imobiliário. Vargem Grande e Vargem Pequena, na zona oeste, são as novas fronteiras de crescimento. Projetos de mobilidade que começam a sair do papel por causa do mundial de futebol e da Olimpíada, como os corredores de ônibus Transoeste e Transcarioca e o veículo leve sobre trilhos, embalam lançamentos da Barra da Tijuca, também na zona oeste, ao Méier, no subúrbio.
A revitalização da área central da cidade, com o projeto Porto Maravilha, provoca impactos positivos, com o surgimento de imóveis residenciais e comerciais. A implantação de Unidades de Polícia Pacificadora, as UPPs, em regiões antes conflagradas pela violência e o tráfico, anima os negócios e os preços na tradicional Tijuca, na zona norte, e no Cosme Velho e em Laranjeiras, na zona sul. "Bairros desvalorizados nos anos 90 estão sendo resgatados", diz Leonardo Schneider, do Secovi-RJ. "A revitalização da cidade revitaliza também o mercado de imóveis", afirma João Paulo Rio Tinto de Matos, da Ademi.
Fenômeno parecido acontece em Itaquera, na zona oeste de São Paulo. A construção do Itaquerão, estádio onde será realizada a partida inicial da Copa do Mundo do ano que vem, obras de infraestrutura e a fixação do comércio no entorno da instalação esportiva levaram o desenvolvimento imobiliário à região. A expansão do metrô também induz a valorização dos eixos de transportes de massa. "Os bairros menos valorizados começam a ter um percentual de aumento de preço maior porque é onde há espaço para a cidade crescer", diz Cláudio Bernardes, do Secovi-SP
Em Brasília é a descentralização administrativa, com a migração de toda o governo do Distrito Federal para o eixo entre Taguatinga, Ceilândia e Samambaia, que leva à valorização imobiliária da região, onde se concentram 40% dos 2,5 milhões de moradores da capital brasileira. Os preços dos imóveis no Gama, em Samambaia e em Águas Claras subiram 100%. "A mobilidade já é um problema sério em Brasília, mas a descentralização administrativa cria uma alternativa que acaba gerando impacto positivo também para o mercado imobiliário", diz Ovídio Maia, do Secovi-DF. As obras do Estádio Mané Garrincha, onde também serão disputadas partidas da Copa do Mundo, ao contrário do que acontece em outras capitais, não tiveram reflexo no mercado imobiliário da região, porque o tombamento de Brasília impede a execução de novas obras. O último grande lançamento imobiliário da cidade foi o do Bairro Noroeste, o primeiro bairro ecológico do país, onde o preço médio do metro quadrado está avaliado em R$ 10 mil.
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