Demanda reprimida, que puxou muitos lançamentos em 2009, começa a se equilibrar
Com alta de 30% no preço do metro quadrado nos últimos anos, construtoras e entidades apontam equilíbrio em 2014 para incremento nas vendas
Paula Cristina
O preço dos imóveis na Região Sul, após alta média de 30% nos últimos anos, deve apresentar estabilidade em 2014. Para empresários gaúchos e entidades da região a estabilidade no valor do metro quadrado, somado a uma perspectiva de melhora na economia brasileira, deverá resultar em reação do mercado local.
"O alta no preço verificado desde 2009 - quando uma demanda reprimida de compradores começou a ir ao mercado - inicia agora um processo estagnação. Será um momento de retomada nas principais cidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná com preços adequados e construtoras mais conscientes", afirmou Rogério Castanho, professor de macro economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS).
A perspectiva de estabilidade também foi sentida pelo presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), Ricardo Antunes Sessegolo. Na opinião dele, as empresas adotarão uma estratégia racional em relação à demanda, lançamento e preços.
A previsão da entidade é que Porto Alegre feche 2013 com 3,5 mil unidades lançadas, com vendas de cerca de 5 mil residências, alta de 4,8% ante a 2012.
Outro ponto que sustentou o crescimento deste ano, segundo Sessegolo, foi o Polo Naval de Rio Grande, que está gerando uma grande procura por imóveis. "O Polo também trará mais investimentos públicos em obras de infraestrutura, tanto em Rio Grande quanto em São José do Norte", disse ele, lembrando que São José do Norte é uma cidade com 10 mil habitantes, e que recebe as obras um estaleiro da EBR.
"A chegada de shopping center, em cidades menores, também impulsionará o mercado no próximo ano", disse.
Exemplo disso a MSC Construtora, empresa gaúcha com 17 anos de atuação projeta incrementar as vendas ano que vem. "Demos uma segurada este ano em lançamentos e investimos em pós venda para diminuirmos o estoque. A ação deu tão certo, que ano que vem já devemos lançar cinco empreendimentos na região metropolitana de Porto Alegre e também prevemos outros sete para 2015", diz Sério Marques Souza, fundador da empresa.
O otimismo da construção também esbarra entre as imobiliárias. A rede gaúcha de franquias Guarida Imóveis é um exemplo disso. Com dois anos de atividades, a empresa triplicou o número de agências este ano e soma 21 unidades. "O mercado imobiliário continua muito promissor, para 2014 temos planos de franquear mais 15 agências", diz o diretor comercial da Guarida Imóveis, Giuliano Spolavori. "Estamos focando na capital e em regiões como: Vale dos Sinos, Torres, Vale do Taquari, Pelotas e Região Metropolitana", explica.
Paraná
Segundo a Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR), a realidade da região são preços em alta e estoque em queda. A pesquisa, que mapeou a cidade de Curitiba e foi feita em parceria com Brain Bureau de Inteligência Corporativa, apontou que o preço médio do metro quadrado privativo para os apartamentos residenciais novos teve alta de 0,7%, chegando à média de R$ 5.545,00 na comparação de setembro deste ano com 2012.
Em 12 meses, considerando como base o mês de outubro, o preço médio do metro quadrado para os apartamentos residenciais novos teve alta de 9,6% em Curitiba. No acumulado do ano, os imóveis novos na capital paranaense tiveram reajuste de 7%.
Segundo a pesquisa, quase 65% dos compradores têm preferência em adquirir um imóvel residencial em Curitiba e região até setembro de 2014. Dos entrevistados, 52% demonstraram interesse na compra de um imóvel pronto, 32% disseram-se indiferentes ao estágio de construção do imóvel e 16% preferem optar por uma edificação na planta ou em construção. "Existe alta intenção de compra para uso imediato. Entre os compradores que preferem o imóvel na planta ou em construção, a maior parte deles espera que a entrega seja feita no período de um ano", diz o presidente da entidade Gustavo Selig.
Entre as construtoras paranaenses a Plaenge, entre os maiores grupos de construção de capital fechado do País, projeta investimentos de cerca de R$ 600 milhões em 2014. O foco da empresa será torres residenciais e a perspectiva é que o Valor Geral de Vendas some de R$ 950 milhões a R$ 1 bilhão.
Com foco na região sul do País, a empresa não descarta aumentar o leque de cidades atendidas. "Atuamos hoje em sete cidades, e temos sede em Londrina, mas não descartamos outras duas ou três cidades", disse o sócio da empresa, Alexandre Fabian, em evento no Paraná.
Na opinião do executivo o movimento de estagnação do mercado imobiliário não será um desafio. "Trabalhamos em regiões ligadas ao agronegócio, setor que segue em alta. Assim direcionamos os investimentos para as cidades que estão melhores", diz Fernando Fabian, também sócio.
Santa Catarina
Em Santa Catarina, a perspectiva é que nos próximos anos, o incremento do turismo e obras de infraestrutura aumentem a construção na região. "Dos estados do Sul, Santa Catarina é o de menor expressão da construção. No entanto, há a perspectiva de muitos aeroportos regionais, e incremento do turismo, o que fomentará bastante a construção na cidade até 2020", previu Castanho.
Para o proprietário da imobiliária Conceito, de Florianópolis o mercado mostra sinais de aquecimento, o que tem puxado também as venda de imóveis secundários. "Crescemos 15% este ano em vendas, e já projetamos quatro novas unidades em 2014", disse Luiz Villa, diretor de novos negócios da empresa.
Hoje, o grupo atua com 12 operações, todas na região da grande Florianópolis, e Villa prevê incremento também nos lançamentos para o próximo ano. "Assim como no resto do País, 2013 foi marcado por venda de estoques, acredito que o empresário da construção consiga recuperar a confiança na economia em 2014".
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