terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Após crise cambial, reajuste de preços ameaça Argentina

Expectativa em relação à escalada de preços está sendo inflada pelos temores de continuidade da persistência da alta do dólar

AE
As incertezas tomaram conta dos argentinos ao longo deste fim de semana, depois do início de uma crise cambial na qual o país mergulhou na semana passada. Empresários já falam em alta de preços e retiram produtos das vitrines e os sindicatos, prevendo a aceleração da inflação, afirmaram que vão pressionar por maiores altas salariais.
A expectativa em relação à escalada de preços está sendo inflada pelos temores de continuidade da persistência da alta do dólar - cuja cotação oficial aumentou 18% na semana passada, a maior desde 2002 - além da elevação das tarifas dos serviços públicos autorizadas dias atrás pela Casa Rosada.
 
Além disso, informações extraoficiais indicam que o governo Kirchner avalia reduzir ou eliminar os subsídios concedidos há vários anos para as empresas do setor de energia elétrica, de forma a reduzir o déficit fiscal. No entanto, isso provocaria um aumento das tarifas da eletricidade para os consumidores. As informações afirmam que o governo também autorizaria as empresas de combustíveis a elevar seus preços nas próximas semanas.
 
O ministro da Economia, Axel Kicillof, em diversas declarações no sábado, 25, e no domingo, 26, afirmou que a desvalorização da moeda não afetará nem preços nem salários. "Quem diz isso mente. Não vamos permitir", exclamou o ministro, que prometeu que o PIB argentino crescerá 5,1% neste ano, além de negar uma perda do poder aquisitivo dos salários. Desde que o ministro tomou posse, no dia 19 de novembro, o dólar oficial aumentou em 33%. Por causa da desvalorização, nas últimas dez semanas a Bolsa de Valores de Buenos Aires perdeu 22% em dólares.
 
Supermercados
 
Os donos de supermercados sustentam que estão recebendo listas de seus fornecedores que indicam aumentos imediatos de até 15%. Isso complicaria o congelamento de preços de 194 produtos imposto pelo governo Kirchner no final de dezembro, que entrou em vigência na primeira semana de janeiro.
 
Na ocasião do lançamento do congelamento, o dólar oficial estava em 6,62 pesos. Na sexta-feira encerrou a jornada em 8,00 pesos. Entre esses dois momentos, o dólar oficial teve alta de 20,85%. Por esse motivo, o empresário Alfredo Coto, dono da maior rede de supermercados de capital nacional, declarou que "a alta do dólar fará oscilar custos dos produtos do acordo de preços".
 
No entanto, o secretário de Comércio, Augusto Costa, ameaçou os empresários, declarando que não hesitará em abrir importações caso seja necessário garantir a estabilidade de preços e o abastecimento.
 
O chefe do gabinete de ministros, Jorge Capitanich, afirmou que o governo Kirchner "agirá com todo o rigor da lei nos casos em que ocorram abusos dos formadores de preços". Capitanich sustentou que bens com alta proporção de componentes importados, como carros e eletrodomésticos ficarão na mira do governo, que realizará "monitoramentos permanentes".
 
A tensão também está crescendo de forma simultânea à queda das reservas do Banco Central, utilizadas pelo governo Kirchner em sua guerra cambial. Na semana passada as reservas caíram US$ 700 milhões. Dessa forma, as reservas ficaram em US$ 29,06 bilhões. Em 2011, quando Cristina foi reeleita, estavam em US$ 52 bilhões. A oposição acusa a presidente de usar as reservas do BC como "um talão de cheques". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário