Emídia Felipe
Eduardo Moura, da Ademi, prevê pressão sobre preços vinda de aumento de custos, incluindo o da burocracia
JC Imagem
Um mercado que movimenta mais de R$ 9 bilhões por ano precisa de tempo para se acomodar. Na construção civil, que representa cerca de 8% do Produto Interno Bruto (PIB) de Pernambuco, esse tempo foi em 2013 e se estenderá até 2014. Segundo análises de pesquisadores e empresários do setor, o aquecimento vai continuar, até porque a demanda continua forte. Porém, o ritmo será menos “eufórico” do que o sentido entre 2010 e 2012.
Avaliação do Núcleo de Real State da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (NRS-Poli) aponta que, no País, o comportamento da variação de preços no próximo ano deverá ser semelhante ou ligeiramente inferior a 2013 – assim, se manteria acima da inflação oficial e mais próximo ao índice que mede o aumento dos custos na construção civil, o INCC. “A tendência é que o custo continue subindo acima da sua renda. Então, se você precisa de um imóvel para morar, a sugestão é não esperar, porque a tendência é que fique mais difícil equiparar a compra com a sua renda”, opina o professor titular da Poli-USP e coordenador do NRS-Poli João da Rocha Lima Júnior.
Para o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE), Eduardo Moura, a análise do NRS-Poli também se aplica a Pernambuco, mas com algumas ressalvas. “O valor do apartamento cresce acima da renda, é verdade, e o INCC não consegue alcançar a reposição de custos, pressionando os preços”, confirma o executivo.
Ele complementa que, em 2013, o mercado começou a se acomodar. “Isso ocorreu depois de uma euforia muito grande, que nos causou problemas como falta de mão de obra. Mas o mercado ainda está bom”. Moura lembra que, diferente da maior parte do País, que experimenta desaceleração econômica, Pernambuco inicia em 2014 a consolidação de diversos empreendimentos esperados, como a fábrica da Fiat, em Goiana, que começará a operar em 2015. São investimentos que possibilitarão o aumento da renda média, dando condições para as pessoas obterem moradia, mantendo em alta a demanda por habitação.
Vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção de Pernambuco (Sinduscon-PE) e conselheiro da Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil (Adit), José Simón lembra que os preços dos terrenos, ao lado da folha de pessoal, influenciam os preços. Esses também são apontados pelo NRS-Poli como fatores que continuarão afetando os valores cobrados ao consumidor.
Outro ponto em comum na análise dos três especialistas é o custo administrativo de um empreendimento. “A demora na legalização, em todas as instâncias, afeta os lançamentos”, pontua Moura. Ele lembra que as mudanças ocorridas recentementes nas prefeituras e os dois grandes eventos do próximo ano - a Copa do Mundo e as eleições presidenciais - são elementos negativos nesse contexto.
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