sábado, 11 de janeiro de 2014

Macau arrisca crise se Governo não agir no mercado imobiliário

Macau arrisca sofrer uma crise se o Governo não planear mais oferta de habitação, dados os elevados preços das casas e a forte probabilidade de subida das taxas de juros, disse à agência Lusa um académico chinês.
"O Governo precisa de agir ao longo do próximo ano, mas, se não agir, os preços [do imobiliário] deverão cair muito. Isso causaria uma crise, o que espero que não aconteça, mas é possível. Macau já esteve nessa situação, quando houve a crise financeira asiática", alertou, em entrevista à Lusa, Chan Chi Shing, do departamento de Economia da Universidade de Macau.
Ao constatar que "já se observa alguma queda [nas vendas], mas ainda não significativa", o académico explica que essa crise poderá passar por uma "queda de preços tão séria que ninguém quererá comprar casa e a riqueza dos proprietários irá reduzir-se".
De acordo com dados oficiais, 80% da população vive em casa própria ou de familiares diretos.
"Em Macau, a regulação é rigorosa, por isso não penso que haverá uma crise para os bancos, mas a riqueza de muitas pessoas irá diminuir nessa situação", acrescentou Chan Chi Shing.
O académico realçou que os preços do imobiliário "estão tão elevados que estão além da capacidade das pessoas comuns" e isso está "relacionado com a expectativa da população, de que se não comprar agora talvez depois seja tarde demais".
"Mas quando as taxas de juros subirem - talvez não este ano, mas no próximo ou depois, pois consideramos que a tendência será de aumento -, as pessoas deixarão de esperar subidas dos preços", salientou.
O mesmo académico defende que se o mercado "depender só das taxas de juros ou da procura, o seu ajustamento [a essas variáveis] não será suave".
"A questão é, portanto, se o Governo terá a vontade de disponibilizar mais oferta, sabemos que tem constrangimentos, mas se houver vontade de disponibilizar mais terrenos para a construção de habitação e de construir mais habitação pública, considero que o problema poderá ser resolvido de forma mais rápida e estável", indicou.
Um eventual anúncio do executivo de que, num prazo de um ou dois anos, mais oferta será disponibilizada, faria, apontou, com que a população acalmasse a ansiedade de adquirir casa.
"Compreendemos que a economia de Macau é aberta e facilmente afectada pelo exterior, por isso, se o Governo não planear agir, a situação será complicada", constatou.
Nos primeiros onze meses do ano passado, 10.464 casas com fins habitacionais foram transaccionadas na Região Administrativa Especial chinesa, menos cerca de 4.000 do que no período homólogo de 2012, a um preço médio por metro quadrado de 81.582 patacas (7.416 euros), que traduz um crescimento homólogo de 37%.
Lusa/SOL

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