quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Desvalorização de moedas frente ao dólar se estabiliza

Marcelo Loureiro
Início suave da redução dos estímulos à economia norte-americana baixou volatilidade do câmbio em todo o mundo
Rio - As moedas do mundo tem apresentado baixa volatilidade em relação ao dólar nesse início de ano. Em levantamento feito pela agência de risco de crédito brasileira Austin Rating para o Brasil Econômico, num grupo de 150 divisas, a variação em relação à moeda norte-americana no período de 30 de dezembro de 2013 a 14 de janeiro deste ano está mais apertada do que a verificada em 2013, indicando que o início da retirada dos estímulos à economia dos Estados Unidos (tapering) não provocou a prevista fuga de capitais em direção aos ativos mais seguros, como os títulos do Tesouro norte-americano (treasury). Para especialistas, os juros estáveis por lá previniram uma nova debandada.
No levantamento da Austin Rating, o rand sul-africano lidera o ranking com desvalorização de 3,49%, seguindo de outras moedas como o dólar da Namíbia (-3,47%), a lira turca (-3,02%), o peso argentino (-2,54%) e o dólar canadense (-2,14%). O real, do Brasil, ficou em 41º lugar no ranking, com queda de 0,89%. O resultado é bem diferente do que ocorreu em 2013, ano em que a expectativa em relação ao início da retirada dos estímulos à economia norte-americana levou a variações elevadas nas divisas ao redor do mundo. Em levantamento feito entre maio e julho do ano passado, por exemplo, o real apresentava recuo de 9,8%, o maior do grupo.
Os movimentos das moedas em 2014 indicam que o início do tapering já estava precificado. Além desse fator, os especialistas entendem que a tranquilidade atual da taxa de câmbio se deve à comunicação clara feita pelo Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, ao separar o início do tapering de um possível aumento dos juros nos Estados Unidos.
"Caso não haja novidades no front norte-americano, como a elevação da inflação que suscite o início de um ciclo de alta nos juros por lá, o dólar deve se manter mais estável do que vimos em 2013, desde o fim dos estímulos tomaram conta da pauta. Hoje o patamar de inflação lá é confortável. Se acontecer de a inflação norte-americana subir, volta a pressão às outras moedas do mundo", explica Rogério Braga, diretor de gestão de recursos da Quantitas Asset, que elogia a comunicação clara do Fed.
Nos primeiros 15 dias do ano, o retorno dos treasuries de 10 anos recuou de 3,02% para 2,89%. "O dólar é o ativo que tem mais variações exógenas para se examinar", ensina Pablo Spyer, diretor da Mirae Asset Corretora.
Entre os muitos fatores que afetam a divisa norte-americana atualmente, Spyer destaca dois que são pouco comentados. "As captações de Petrobras e BNDES na Europa indicam que há mais movimentação com outras moedas nesse início de ano. Além disso, os índices da bolsa norte-americana estão perto da máxima histórica. A oportunidade de ganho está apertada para quem chegar agora", diz o gestor, lembrando que a migração para os Estados Unidos obriga a compra de dólares antes.
Especificamente sobre o desempenho do real, que recuou pouco em relação ao dólar nesse começo de ano, os especialistas destacam a atuação do Banco Central (BC), que estendeu o programa de rações diárias de swaps cambiais, inicialmente previsto para se encerrar no fim de 2013. "Foi uma sinalização importante, com a possibilidade de o programa ser estendido até meados do ano. É algo positivo, que ajuda a segurar a cotação da moeda brasileira", acredita Camila de Faria Lima, economista da gestora Peninsula. 

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