domingo, 19 de janeiro de 2014

Que 2014 seja, finalmente, um novo ano para a Petrobras

Em entrevista recente, o economista Luiz Carlos Ewald (mais conhecido como “Sr. Dinheiro”) apresentou bastante otimismo em relação ao desempenho da Petrobras nos próximos meses. Segundo ele, a companhia deverá ter um ano bastante positivo porque o governo terá que fazer de tudo para reverter o dano dos últimos tempos. Pode até ser que o investidor tenha um lucro com a companhia nos próximos meses; o mercado, afinal, é sempre irracional. Mas, infelizmente, não compartilho do otimismo do sr. Dinheiro, segundo o qual “quem não comprar Petrobras agora vai se arrepender muito”. Entenda as razões do meu pessimismo.
Petrobras

Do ponto de vista do acionista, a Petrobras está estagnada há DEZ anos.

Sim, leitor, você não está enganado. Eu disse isso mesmo: para quem investe na companhia, a Petrobras está patinando no mesmo lugar há dez anos. Duvida? Então vou explicar o bê-a-bá de porque estou dizendo isso.
Vamos por partes: o primeiro ponto a se destacar é que não podemos confundir o retorno da companhia com o retorno que ela produz para seu acionista. Uma empresa pode “bombar” no mercado, ser uma companhia espetacular, e ainda assim trazer um péssimo retorno para aqueles que confiaram nela.
É o que vem acontecendo com a Petrobras. Não que ela tenha exatamente “bombado” nos últimos anos. Mas a performance operacional dela foi muito melhor do que o retorno que deu aos acionistas nos últimos anos. Para justificar essa conclusão, dê uma olhada nos gráficos abaixo:

Receita e Lucro Líquidos
Nesse primeiro gráfico, seguem os resultados operacionais da empresa. Ela teve um crescimento excelente de sua receita líquida (174,73% no período de 10 anos), mas seu lucro líquido cresceu muito menos – apenas 38,98%. Ou seja, a cada ano, entra mais dinheiro, mas a empresa não lucra tanto a mais. Mais tarde explicarei porque isso tem acontecido. Por ora, tenha em mente apenas os lados “positivos” da conta: tanto o lucro quanto a receita cresceram em dez anos.
E o acionista? Qual foi o retorno dele? Para vislumbrar o quanto o acionista teve de retorno, um grande indicador é olucro por ação – que representa o quanto do lucro líquido da companhia foi repartido para cada ação da empresa. No caso da PETR4, o resultado é o seguinte:
Lucro Por Ação - Petrobras
Como você pode ver no gráfico, o lucro por ação entre 2004 e 2013 diminuiu ao longo dos últimos dez anos – para ser mais preciso, diminuiu 6,86%. Em 2004, os acionistas da companhia receberam um lucro por ação de R$ 2,04 e, em 2013 (últimos 12 meses), tiveram o equivalente a R$ 1,90. Obviamente, houve anos em que o crescimento do lucro foi forte, como ocorreu até 2008. Mas observe o que ocorreu daí por diante: quedas, quedas e quedas no lucro por ação – o que significa que, a cada ano, a empresa tem dado menos lucro para seus acionistas desde 2008.
Mas como e por que isso aconteceu? Por que a empresa “lucrou” mais, mas seus acionistas não? Por um motivo: acapitalização de 2010. A empresa aumentou o número de ações e, com isso, cada acionista passou a ter um direito menor ao lucro da empresa. É por isso que emissões de capital como essas são tão danosas aos investidores: sorrateiramente, ela “surrupia” parte do capital do investidor. E, como você pode ver, o investidor da Petrobras hoje está em situação pior do que estava em 2004.
Os proventos – dividendos e juros sobre capital -, que rentabilizam a propriedade das ações, também indicam estagnação. Observe como a dinâmica é parecida com a do lucro por ação: os valores pagos em dividendos, após aumentarem um bocado, têm despencado nos últimos anos, a níveis próximos aos de 2004:

Proventos

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