Delegado regional do Creci e economista veem bons motivos para acreditar no crescimento do mercado
Bruno Jackson
Repórter
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Arquivo JVA
PATINGA – Se há um setor no país que espera surfar na onda dos investimentos em 2014 é o imobiliário. No Vale do Aço, a expectativa não é diferente. A perspectiva é de melhora no cenário da construção civil e na compra e venda de imóveis, com aumento no volume de financiamentos da casa própria.
A revisão do Plano Diretor de Ipatinga, que deve ser votada em breve pelo Legislativo, pode contribuir substancialmente para o crescimento do setor imobiliário da região. Há quase quatro anos, o município enfrenta problemas de restrição na construção civil, em razão do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre o Ministério Público Estadual e governo municipal, em abril de 2010.
A revisão do Plano Diretor tende a mudar esse quadro. Porém, ao contrário de outras épocas, Ipatinga não será o principal alvo de investimentos no setor imobiliário. Santana do Paraíso, Coronel Fabriciano e Timóteo experimentam crescimento no setor e devem continuar a atrair investidores.
O corretor e delegado regional do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), Wesley Harrison Givisiez, analisa esse panorama.
“O ano de 2013 foi muito bom para o setor imobiliário de Timóteo, Coronel Fabriciano e Santana do Paraíso. Muitas obras residenciais e comerciais iniciadas em 2011 e 2012 foram concluídas ano passado, favorecendo a iniciação e concretização de financiamentos. Isso gerou muitos fechamentos de compra e venda. O mesmo não ocorreu em Ipatinga, em razão da não conclusão do Plano Diretor. Já a venda de imóveis usados ocorreu de forma natural, sem empecilhos, em razão da Lei da Demanda e da Oferta”, observa Givisiez.
Novos investimentos
Para o delegado regional do Creci, o aguardado crescimento econômico do Vale do Aço em 2014 favoreceria o setor imobiliário.
“A economia regional tende a melhorar devido às reestruturações acontecidas em 2013 em empresas do Vale do Aço. Essas empresas iniciam 2014 visando novos horizontes, como os serviços terceirizados da Petrobrás. Como somos uma região industrial, o foco é oferecer produtos e serviços industrializados para outros estados e países, angariando, assim, dinheiro para investimentos internos como construções residenciais e novos loteamentos. Portanto, há boas projeções para 2014”, avalia Wesley Givisiez.
Déficit
Conforme dados da Associação Habitacional de Ipatinga, que atende milhares de pessoas interessadas em adquirir a casa própria por meio de crédito associativo e programas do governo, o déficit habitacional no Vale do Aço está em torno de 12 mil moradias. Só em Ipatinga, 7 mil famílias ainda esperam adquirir a casa própria. Em Coronel Fabriciano o déficit habitacional é de 3,2 mil moradias, seguido por Timóteo (1,2 mil) e Santana do Paraíso (600).
Sem risco de ‘bolha’
A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) prevê um crescimento de 15% a 20% no volume de financiamentos da casa própria em 2014 no país. O Vale do Aço deve acompanhar essa tendência, segundo Wesley Givisiez, delegado regional do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci). “Todo o Vale do Aço é um bom motivo para se investir em imóveis, temos cidades muito bem estruturadas”, garante.
Especialistas mais pessimistas temem que o país sofra os mesmos efeitos negativos ocorridos nos Estados Unidos, que enfrentou uma crise financeira em 2008 em função da “bolha imobiliária”, causada pela especulação e inadimplência de títulos no setor.
Porém, na avaliação do economista Daniel Miranda Soares, que reside em Ipatinga há 11 anos, essa possibilidade não existe.
“Nos Estados Unidos os juros são menores e a especulação lá é maior. O Banco Central de lá deixa o mercado mais livre. O cidadão tem uma hipoteca (título de dívida sobre bens imóveis ou equivalentes) que é repassada para outras instituições, o que configura os chamados derivativos. Mas, em determinado momento, o último a comprar esse título não tem a mesma garantia de que vai receber o dinheiro. E quando o inadimplente deixa de pagar o título, prejudica toda a cadeia, quebrando bancos e instituições financeiras. No Brasil isso é muito difícil de acontecer porque, aqui, o Banco Central regula muito esse setor. Não é qualquer um que compra um título de dívida”, observa Daniel Soares.
Restrições
O economista lembra que os bancos estatais e privados do Brasil limitam o acesso ao crédito imobiliário. “A Caixa Econômica, por exemplo, exige muitas garantias para quem quer comprar um imóvel. O Brasil tem um dos sistemas financeiros mais controlados pelo Estado, em todo o mundo. Os bancos daqui exigem muitas garantias antes de conceder o crédito a alguém”, diz Daniel Soares.
O economista destaca, ainda, que mesmo sendo subsidiada pelo governo, a taxa de juros no país é alta. “Há países em que o juro é negativo, justamente para estimular investimentos. No Brasil é o contrário. Por isso não é tão fácil financiar um imóvel”, pontua.
Especulação é coisa do
passado, diz corretor
A especulação imobiliária sempre foi um fantasma em Ipatinga. Muitos interessados em adquirir casa própria no município usam essa suposta especulação para explicar o alto valor dos imóveis na cidade. Mas para o corretor e delegado regional do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), Wesley Harrison Givisiez, esse fantasma ficou para trás há tempos.
“Em Ipatinga já houve especulação imobiliária no passado. Mas hoje o que existe são alguns imóveis com valor acima do mercado e que não serão vendidos se não tiverem seus preços alinhados com a realidade. A Lei da Oferta e da Demanda é o que ajuda a regular os preços. Não procede a especulação, mas sim preços incoerentes ou incorretos. Que motivo temos para especular o mercado de imóveis do Vale do Aço? O que tem de extraordinário acontecendo em nossa região?”, questiona.
Na concepção de Givisiez, Ipatinga perdeu muitas oportunidades nos últimos anos. “Só o que não temos atualmente é motivos para a especulação. Ipatinga perdeu muito com a falta de compromisso de seus governantes no quesito definição, aprovação e ajustes do Plano Diretor. A demora prejudicou a todos os munícipes”, analisa.
Plano Diretor precisa ser mais
discutido, afirma parlamentar
O projeto de revisão do Plano Diretor de Ipatinga foi enviado pelo Executivo à Câmara de Vereadores no mês passado. O projeto deve receber algumas emendas antes de sua votação final. Para muitos setores do município, a atualização do Plano Diretor é vital para a retomada dos investimentos na construção civil em Ipatinga.
O vereador Ley do Trânsito (PSD), presidente do Legislativo, diz que a Câmara tem interesse em votar a matéria o mais rápido possível, porém afirma que o Plano ainda não foi amplamente debatido com os munícipes.
“Nosso gabinete foi procurado por lideranças e representantes de diversas entidades pedindo que o Plano Diretor não fosse votado nos próximos 30 dias, como pediu o governo. O Executivo não abriu espaço para que a população realmente debatesse o Plano. A Câmara Municipal não vai cometer esse erro. Eu mesmo solicitei audiência para debater o projeto. É preciso um contato preliminar com os setores interessados. O projeto tem mais de 130 páginas”, destaca o parlamentar, frisando a amplitude da matéria.
“O Plano Diretor não trata apenas de construção civil. Esta é apenas uma peça do projeto. O Plano vai além. Ele ordena toda a cidade. Trata de mobilidade urbana, saneamento básico, destinação de áreas para preservação permanente, exposição de publicidade, entre outros temas. Portanto, não vamos deixar de ouvir associações de bairro, entidades, empresas e representantes de outros setores da comunidade. Isso não significa que o projeto não tem prioridade na Câmara. Só não queremos que a rapidez atropele o direito dos ipatinguenses de se posicionarem a respeito do Plano Diretor”, pontua Ley do Trânsito.
A revisão do Plano Diretor de Ipatinga, que deve ser votada em breve pelo Legislativo, pode contribuir substancialmente para o crescimento do setor imobiliário da região. Há quase quatro anos, o município enfrenta problemas de restrição na construção civil, em razão do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre o Ministério Público Estadual e governo municipal, em abril de 2010.
A revisão do Plano Diretor tende a mudar esse quadro. Porém, ao contrário de outras épocas, Ipatinga não será o principal alvo de investimentos no setor imobiliário. Santana do Paraíso, Coronel Fabriciano e Timóteo experimentam crescimento no setor e devem continuar a atrair investidores.
O corretor e delegado regional do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), Wesley Harrison Givisiez, analisa esse panorama.
“O ano de 2013 foi muito bom para o setor imobiliário de Timóteo, Coronel Fabriciano e Santana do Paraíso. Muitas obras residenciais e comerciais iniciadas em 2011 e 2012 foram concluídas ano passado, favorecendo a iniciação e concretização de financiamentos. Isso gerou muitos fechamentos de compra e venda. O mesmo não ocorreu em Ipatinga, em razão da não conclusão do Plano Diretor. Já a venda de imóveis usados ocorreu de forma natural, sem empecilhos, em razão da Lei da Demanda e da Oferta”, observa Givisiez.
Novos investimentos
Para o delegado regional do Creci, o aguardado crescimento econômico do Vale do Aço em 2014 favoreceria o setor imobiliário.
“A economia regional tende a melhorar devido às reestruturações acontecidas em 2013 em empresas do Vale do Aço. Essas empresas iniciam 2014 visando novos horizontes, como os serviços terceirizados da Petrobrás. Como somos uma região industrial, o foco é oferecer produtos e serviços industrializados para outros estados e países, angariando, assim, dinheiro para investimentos internos como construções residenciais e novos loteamentos. Portanto, há boas projeções para 2014”, avalia Wesley Givisiez.
Déficit
Conforme dados da Associação Habitacional de Ipatinga, que atende milhares de pessoas interessadas em adquirir a casa própria por meio de crédito associativo e programas do governo, o déficit habitacional no Vale do Aço está em torno de 12 mil moradias. Só em Ipatinga, 7 mil famílias ainda esperam adquirir a casa própria. Em Coronel Fabriciano o déficit habitacional é de 3,2 mil moradias, seguido por Timóteo (1,2 mil) e Santana do Paraíso (600).
Sem risco de ‘bolha’
A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) prevê um crescimento de 15% a 20% no volume de financiamentos da casa própria em 2014 no país. O Vale do Aço deve acompanhar essa tendência, segundo Wesley Givisiez, delegado regional do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci). “Todo o Vale do Aço é um bom motivo para se investir em imóveis, temos cidades muito bem estruturadas”, garante.
Especialistas mais pessimistas temem que o país sofra os mesmos efeitos negativos ocorridos nos Estados Unidos, que enfrentou uma crise financeira em 2008 em função da “bolha imobiliária”, causada pela especulação e inadimplência de títulos no setor.
Porém, na avaliação do economista Daniel Miranda Soares, que reside em Ipatinga há 11 anos, essa possibilidade não existe.
“Nos Estados Unidos os juros são menores e a especulação lá é maior. O Banco Central de lá deixa o mercado mais livre. O cidadão tem uma hipoteca (título de dívida sobre bens imóveis ou equivalentes) que é repassada para outras instituições, o que configura os chamados derivativos. Mas, em determinado momento, o último a comprar esse título não tem a mesma garantia de que vai receber o dinheiro. E quando o inadimplente deixa de pagar o título, prejudica toda a cadeia, quebrando bancos e instituições financeiras. No Brasil isso é muito difícil de acontecer porque, aqui, o Banco Central regula muito esse setor. Não é qualquer um que compra um título de dívida”, observa Daniel Soares.
Restrições
O economista lembra que os bancos estatais e privados do Brasil limitam o acesso ao crédito imobiliário. “A Caixa Econômica, por exemplo, exige muitas garantias para quem quer comprar um imóvel. O Brasil tem um dos sistemas financeiros mais controlados pelo Estado, em todo o mundo. Os bancos daqui exigem muitas garantias antes de conceder o crédito a alguém”, diz Daniel Soares.
O economista destaca, ainda, que mesmo sendo subsidiada pelo governo, a taxa de juros no país é alta. “Há países em que o juro é negativo, justamente para estimular investimentos. No Brasil é o contrário. Por isso não é tão fácil financiar um imóvel”, pontua.
Especulação é coisa do
passado, diz corretor
A especulação imobiliária sempre foi um fantasma em Ipatinga. Muitos interessados em adquirir casa própria no município usam essa suposta especulação para explicar o alto valor dos imóveis na cidade. Mas para o corretor e delegado regional do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), Wesley Harrison Givisiez, esse fantasma ficou para trás há tempos.
“Em Ipatinga já houve especulação imobiliária no passado. Mas hoje o que existe são alguns imóveis com valor acima do mercado e que não serão vendidos se não tiverem seus preços alinhados com a realidade. A Lei da Oferta e da Demanda é o que ajuda a regular os preços. Não procede a especulação, mas sim preços incoerentes ou incorretos. Que motivo temos para especular o mercado de imóveis do Vale do Aço? O que tem de extraordinário acontecendo em nossa região?”, questiona.
Na concepção de Givisiez, Ipatinga perdeu muitas oportunidades nos últimos anos. “Só o que não temos atualmente é motivos para a especulação. Ipatinga perdeu muito com a falta de compromisso de seus governantes no quesito definição, aprovação e ajustes do Plano Diretor. A demora prejudicou a todos os munícipes”, analisa.
Plano Diretor precisa ser mais
discutido, afirma parlamentar
O projeto de revisão do Plano Diretor de Ipatinga foi enviado pelo Executivo à Câmara de Vereadores no mês passado. O projeto deve receber algumas emendas antes de sua votação final. Para muitos setores do município, a atualização do Plano Diretor é vital para a retomada dos investimentos na construção civil em Ipatinga.
O vereador Ley do Trânsito (PSD), presidente do Legislativo, diz que a Câmara tem interesse em votar a matéria o mais rápido possível, porém afirma que o Plano ainda não foi amplamente debatido com os munícipes.
“Nosso gabinete foi procurado por lideranças e representantes de diversas entidades pedindo que o Plano Diretor não fosse votado nos próximos 30 dias, como pediu o governo. O Executivo não abriu espaço para que a população realmente debatesse o Plano. A Câmara Municipal não vai cometer esse erro. Eu mesmo solicitei audiência para debater o projeto. É preciso um contato preliminar com os setores interessados. O projeto tem mais de 130 páginas”, destaca o parlamentar, frisando a amplitude da matéria.
“O Plano Diretor não trata apenas de construção civil. Esta é apenas uma peça do projeto. O Plano vai além. Ele ordena toda a cidade. Trata de mobilidade urbana, saneamento básico, destinação de áreas para preservação permanente, exposição de publicidade, entre outros temas. Portanto, não vamos deixar de ouvir associações de bairro, entidades, empresas e representantes de outros setores da comunidade. Isso não significa que o projeto não tem prioridade na Câmara. Só não queremos que a rapidez atropele o direito dos ipatinguenses de se posicionarem a respeito do Plano Diretor”, pontua Ley do Trânsito.
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