quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Setor Imobiliário, Copa e eleições também podem adiar os planos de aquisição

Paula Cristina
A alta crescente no valor do metro quadrado dos imóveis nas principais capitais brasileiras levou grupos de administração imobiliária a criar soluções para estimular a venda de casas e apartamentos. Entre as saídas, empresários optam por exclusividade na oferta da residência, estímulo aos corretores e busca de oportunidades em bairros com maior demanda.
 ”As imobiliárias irão enfrentar um ano desafiador. Enquanto as construtoras trabalham com alto fluxo de caixa, o que lhes permite passar uma temporada com menos negócios, as imobiliárias ficam à mercê do mercado. Driblar essa incerteza econômica e atrair novos clientes é a palavra de ordem dos grupos este ano”, disse Marco Felix, professor de economia e especialista em mercado imobiliário da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
 Entre as apostas, a rede de franquias imobiliárias RE/MAX investe em captação de imóveis exclusivos. Segundo Renato Teixeira, presidente da RE/MAX Brasil, essa busca evita a desvalorização do imóvel para o proprietário. “Um imóvel trabalhado por várias imobiliárias pode sofrer desvalorização no mercado, pois os possíveis compradores podem julgar que o vendedor está aberto a ofertas mais baixas já que tem urgência na venda”, disse ele, lembrando que outra vantagem é a fixação do preço no mercado, e que alta exposição pode reduzir pela metade o tempo de venda.
 ”Hoje o mercado imobiliário conta com uma concorrência acirrada. Para ganhar competitividade – principalmente pequenas e médias – precisam encontrar um diferencial do mercado. E isso pode ser uma ação de marketing especial, atendimento personalizado ou então ferramentas tecnológicas”, completa o professor Felix, da UFMG.
 O uso de novas tecnologias, principalmente envolvendo internet, foi a fórmula encontrada pela Qualitty Imóveis. O grupo, que faz intermediação de compra e venda dentro e fora do País, cresceu 15% ano passado e quer alta de 20% este ano com foco em tecnologia. “WhatsApp, Facebook , Instagram e Street View são algumas das ferramentas que usamos para nos comunicar com o comprador”, diz Fabiano Neaime, diretor da empresa. A rede, que possui uma unidade em São Paulo e uma nos Estados Unidos, encontrou na Copa do Mundo este ano uma oportunidade de negócio. A perspectiva é que haja incremento de contratos temporários para o período do evento esportivo. “Muitos jornalistas e outros profissionais ligados ao evento que virão do exterior estão procurando apartamentos mobiliados para o período do mundial”.
 Para o professor da UFMG, no entanto, os negócios vindos da Copa são pontuais. “As imobiliárias com braço internacional farão mais negócios, no entanto, as pequenas e médias poderão sofrer com o adiamento dos brasileiros em aquisição de imóveis, seja por conta de incerteza econômica, ou a esperança que o preço caia após o torneio”.
 Sem grandes movimentações em função da Copa, a imobiliária Terra, no ABC Paulista, criou uma política para incentivar os corretores. “Aumentamos a porcentagem de comissão para estimular os nossos corretores. Com a política, percebemos um incremento de 15% nos negócios”, disse Júlio César Amorim, presidente da empresa, que hoje possui quatro unidades e projeta abertura da quinta, este ano.
 BAIRROS NOBRES
Em meio a especulações de bolha imobiliária e crescimento descontrolado no valor do metro quadrado dos imóveis, a imobiliária Coelho da Fonseca aponta que o incremento no preço nas zonas sul e oeste de São Paulo subiram 14% entre 2012 e 2013. Segundo a empresa, o número é inferior ao registrado entre 2011 e 2012, quando a alta foi de 22%.
 Para o diretor de terceiros da imobiliária, Fernando Sita, a curva de valorização do mercado imobiliário deve encontrar acomodação dos preços, porém, o executivo descarta a perspectiva de que os valores irão parar de subir. “As altas no Brasil ainda estão longe de se assentarem”.
 A perspectiva de um ano mais equilibrado também é compartilhado pelo Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), segundo o presidente da entidade, Claudio Bernardes, o ano será um pouco atípico, em função das eleições presidenciais e o torneio mundial de futebol. “Se por um lado a Copa poderá causar certa diminuição nos negócios, durante sua realização, o fato de termos eleições provavelmente fará com que o governo se empenhe para que a economia seja dinamizada”, disse.
 Diante disso, ele projeta um crescimento entre 5% e 10% para a indústria imobiliária. “Esse resultado será positivo não só para o nosso mercado, mas para a economia brasileira”, completou.
(Fonte:  DCI – São Paulo/SP – SERVIÇOS – 11/02/2014)

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