Muito se discute sobre o mercado imobiliário no Brasil. A discussão, na maior parte das vezes,
recai na comparação entre o mercado imobiliário brasileiro e de países como os Estados
Unidos e Espanha.
Estes países, há pouco tempo, passaram pela chamada bolha imobiliária; resultado, segundo
alguns analistas, da exagerada facilidade de concessão de crédito, como também, por prazos
de financiamentos longos combinados com juros baixos. Citando o mercado imobiliário
americano podemos ressaltar que, devido a rentabilidade baixa de ativos mobiliários, muitas
vezes o interessado no crédito optava por financiar o imóvel por um prazo longo com
prestações baixas, para mais tarde revender o imóvel e obter algum retorno financeiro. Os
bancos, por sua vez, concediam cada vez mais financiamentos, fomentando o mercado. O
problema foi emprestar dinheiro para quem não tinha condições de pagar; a inadimplência
aumentou; com a crise de 2008 veio o desemprego, e este aumentou ainda mais a
inadimplência. Muitos tomadores de financiamento imobiliário, não conseguiram mais pagar
as prestações e tampouco revender os imóveis, resultando na retomada do mesmo pelo
agente financeiro, que por sua vez, também não conseguia repassa-los a outros interessados.
No Brasil as instituições financeiras que emprestam dinheiro para o financiamento imobiliário
são bem mais conservadoras; existe certo rigor para a concessão do crédito; raramente se
concede o financiamento da totalidade do valor do imóvel; os juros são mais altos e há
políticas públicas para conceder financiamento a população de baixa-renda. Muito embora, o
mercado imobiliário brasileiro ainda necessite de muitas unidades residenciais e comerciais; a
construção, aquisição e o financiamento de imóvel no Brasil, seja ele residencial ou comercial,
ainda é realizada com muita cautela tanto pelo grande investidor como pelo cidadão comum.
Talvez esta cautela seja proveniente do demasiado período em que o mercado permaneceu
estagnado e sem perspectivas de melhorias futuras; a instabilidade da economia pela qual o
país passou nas décadas anteriores, não favoreceu o investimento no mercado de construção.
Por quê investir na construções de imóveis se era bem mais rápido ganhar dinheiro no
mercado financeiro? O controle da economia e a redução dos juros levou o investidor a buscar
outros meios de obter rentabilidade; é quando o mercado imobiliário se apresenta como uma
excelente opção. Mas a possibilidade de qualquer descontrole da economia poderá reverter
este cenário; ainda é preciso certa cautela e conservadorismo.
Mas no momento, a Cidade do Rio de Janeiro se apresenta como uma das capitais brasileiras
com maior crescimento do mercado imobiliário nos últimos três anos; muitos alegam ser
devido aos eventos internacionais que acontecerão nos próximos anos. Esta é uma das razões,
mas não é a única. É preciso também considerar que com a estabilidade da economia, cidades
como o Rio de Janeiro e São Paulo, devido a sua importância no âmbito nacional e
infraestrutura implantada estarão sempre entre as cidades mais procuradas pelos investidores.
Segundo o FIPE, as cidades de Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo, Niterói e Porto Alegre são
aquelas de maior aumento de preço do m2 entre as dezesseis cidades com preços monitorados; sendo que o Rio de Janeiro , entre novembro de 2012 e novembro de 2013,
acumula alta de 13,8%.
Independentemente dos motivos pelos quais alguns investidores optaram pelo Rio de Janeiro,
o certo é que a cidade se encontra em um bom momento. Áreas anteriormente estagnadas ou
subutilizadas estão em processo de implantação de grandes projetos, citando como exemplo a
Zona Portuária; e aquelas de ocupação consolidada, como o Centro, encontram-se em
processo de reurbanização e revitalização.
O Centro da cidade, tradicionalmente ocupado pelo setor financeiro, possui prédios que foram
construídos nas décadas anteriores a de 80. Estes imóveis estão sendo reformados para serem
ocupados, na maior parte dos casos, por empresas de pequeno ou médio porte do setor de
prestação de serviços. As corporações de maior porte, que muitas vezes ocupam prédios
inteiros e que necessitam de edifícios mais modernos, estão optando por novas áreas. Os
terrenos que até dois, três anos atrás encontravam-se desocupados na Av. Presidente Vargas,
atualmente, já estão construídos. Esta ocupação é natural e segue em direção a Zona
Portuária e Cidade Nova.
Os analistas do mercado imobiliário acreditam em várias alternativas para investimento na
cidade do Rio de Janeiro; para alguns o Centro e a Zona Portuária será tudo de bom, para
outros a Barra continua a ser o melhor investimento e tem aqueles que defendem que o fato
novo é a Zona Norte. Esta divergência de opiniões demonstra o dinamismo da cidade. Com o
passar dos anos, áreas anteriormente residenciais passaram a ser comerciais, neste caso,
podemos citar a Cidade Nova, de ocupação residencial unifamiliar passou a ocupação
comercial de prédios corporativos ensejando por lojas, restaurantes e prestação de serviços.
Áreas comerciais podem se tornar residenciais e haverá locais que é desejável a ocupação
residencial e comercial ao mesmo tempo, que é o caso da Zona Portuária.
Considerando tão somente o investimento no bairro da Cidade Nova, podemos ressaltar as
seguintes vantagens: a infraestrutura urbana já implantada; o fácil acesso aos aeroportos,
rodoviária, rodovias intermunicipais e interestaduais; fácil acesso a rede de transportes
públicos (trem, metrô e ônibus) e acessos as demais regiões da cidade e os municípios do
Grande Rio.
Observa-se que desde a década de 90, época das últimas demolições na área do Teleporto, a
região se modificou bastante. Nos anos seguintes a implantação do Projeto de Alinhamento,
os terrenos permaneceram desocupados devido ao desinteresse dos investidores da
construção civil. Atualmente, empresas como a Petrobrás e Sul América estão instaladas no
local; foram construídos o Centro de Operações da PCRJ, o Clube dos Servidores Municipais e
um centro gastronômico, entre outros. Isto representa o início da consolidação da ocupação
comercial e de prestação de serviços, para atender não só a iniciativa privada, como também
as instituições públicas já há muito tempo instaladas nesta região da Cidade Nova.
Lídia Barboza da Silva – Arquiteta
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